segunda-feira, 9 de março de 2009

Confissões de um palhaço.

Confissões de um palhaço.

Apresento-me no palco da ilusão.
Aqui sou o maior anfitrião da solidão.
Daqui vejo os inúmeros
Espectadores do picadeiro de angústias e aflições.

Em meu rosto largo
Carrego as impurezas do mundo
Em forma de alegria.
Engano os já enganados
Desse mundo desviado.
Ratifico nos risos infantis
Minha profissão de palhaço.

Minha verdadeira arte
Consiste em sorrir na tristeza
E chorar na alegria.
E isso eu faço com grande maestria.
Talento de criança,
Mamãe já dizia.

Em minha face
Trago a divina falsidade.
Que de fato é,
E sempre será o maior talento
Da nossa humanidade.
Só aperfeiçoei tal divindade
Para poder sobreviver
Sem passar necessidade.

No palco mundo
Meus colegas de profissão
Fazem rir,
Mas também fazem chorar.

No meu simples picadeiro
Eu só faço rir.
Mas choro
Com os números do
Palco principal.
Palco sarcástico e imoral
Que transforma lindos sentimentos
Em poeira e só.

No meu picadeiro
Eu sou artista
Na arte de fazer rir.
No palco mundo
Eu faço parte
Do público que aprendeu a mentir
Para poder sorrir.

Mas não me confunda com os demais.
Eu represento os palhaços
Que pintam o rosto para viver,
E não os que sujam a alma
E se vendem pra sobreviver.


Autor: Bruno Rico

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